Ela não se mexe: o filho dorme com a cabeça apoiada em sua barriga. Aquele, que há poucos anos estava lá dentro. Continua sendo parte dela. No aparelho de som, a sequência de músicas conta a sua própria história. Rápidas e ainda intensas, as cenas passam ao som de uma trilha que vai acendendo imagens e rastros diferentes. Ela se permite sentir, com a paz e a tristeza que fazem parte de ser. A alegria de amar de novo, a serenidade de se sentir companheira, amada e ponto. Pensa no amor que passou, no sentido daquele encontro. Lembra do amor que se foi da vida, deixando o filho que ainda é amor. E se convence de que alguns (des)encontros são parte da construção. Desapegar-se para seguir em frente. Trazemos tudo conosco, ela pensa, tudo aqui dentro a fazer parte. Assim como deixamos para o outro. E o que deixamos, não nos cabe. Ela pensa e chora, pensa e sorri, sempre quase imóvel, porque ali o filho dorme em paz. Ali dorme a sua paz. Haviam tido um embate minutos antes, um desses impasses cotidianos entre uma mãe e seu filho pequeno. Agora está tudo calmo. Passou. Como tantas coisas, como o tempo, nunca em vão. Ficam as lembranças, algumas ainda dóem, outras trazem sorrisos. Tudo dentro, respirando em nós e ao redor de nós. Vivo e em movimento. Vivo e em sono tranquilo, como o filho sobre a barriga.
terça-feira, 30 de março de 2010
quinta-feira, 4 de março de 2010
Final feliz.
Ela foi viver um amor de verdade. Ele ficou com a falta dela a lhe fazer companhia – para ele, não poderia haver par melhor.
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