Não sei se foi Platão ou minha mãe que me ensinou a ser metade incompleta. Sei apenas que sou (ou quase sou, por ser metade). Como se sozinha eu não fosse inteira, precisando sempre ser dois. Aprendi por inteiro a ser essa metade – e agora não sei desaprender. Meio feliz. Meio completa. No meio do caminho. E o meio que resta é pra ir – não tem volta.
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Eu me vi metade quando minha irmã gêmea se foi...sempre me senti assim, uma metade viva do que eu queria ver inteira.
ResponderEliminarBeijo.
nossa, que delicadeza...compartilho de cada palavra! :]
ResponderEliminarNada nunca é completo.Isso sei o que é, mas não sei o por quê. Bravo.
ResponderEliminarMuito bom! Bela visão! =D
ResponderEliminarIr sempre e em frente, voltar jamais.
ResponderEliminarMas e quando é impossível ir?
ResponderEliminarA vida vai levando a gente, mesmo que a gente não vá, eu sei. Só que, passar os dias não quer dizer sair do lugar, não é mesmo?
beijo moça que admiro!
cris, acho que foi plutão, a mãe, a sociedade inteirinha. criaram o mito do amor romântico, a felicidade possível apenas para quem encontra a metade da laranja (acho que o fabio junior também tem influência nisso aí...). mas isso nos tolhe, diminui as nossas possibilidades de ser feliz, de aproveitar a liberdade de Ser felizes também inteiras e plenas sozinhas. acredito muito nos encontros felizes de pessoas que se sabem bem e inteiras antes mesmo de encontrar outras partes de si pelo mundo.... digo isso porque sinto assim como você. beijos.
ResponderEliminarlindo texto.
ResponderEliminarno meu caso já é o contrário, não consigo deixar de ser só, nem consigo me unir, ou permitir.
ok, sem dramas, aqui.
seu blog muito inspirador. já sigo.
grande abraço.
Que bonito, eu também tenho aquela sensação de ter que ser dois pra ser completa, sendo que a natureza humana não é assim, você nasci sozinha.
ResponderEliminarBeijo querida, adorei teu blog, seguindo aqui!
Essa também sou eu. Mais pela metade do que nunca.
ResponderEliminarBeijos, Cris.
É tão bom ler um texto e ver retratado nele aquilo que guardamos, mas sequer ousamos relatar. Adorei seu blog.
ResponderEliminarInfelizmente acho que todos nós nos sentimos assim.
ResponderEliminarbeijos
Metade
ResponderEliminarQue a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio…
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste…
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade…
também...
julho 5, 2007 in Ferreira Gullar