Trancada
a pensadora no quarto, pôde seguir na direção do barulho. Tudo para não ouvir
seu turbilhão, ligada num piloto automático que sorria como maquininha de
soltar bolhas. Piada sem graça do cliente, hahaha. Pedido idiota do chefe,
hahaha. Prazo impossível do outro departamento e mais algumas risadas saíam sem
som, quase cronometradas.
Ato
contínuo, chegou em casa ainda sorrindo, embora não soubesse por quê.
Ao
abrir a porta, foi surpreendida por uma mulher aflita, que caiu no choro sem
fim. E enquanto chorava, falava. Eram mais que frases, eram versos. Em
poucos minutos ela já tinha dito um livro inteiro.
Antes
de ouvir a última página, adormeceu exausta. Sem pensar nem sentir.
No
dia seguinte ela acordaria mais uma vez. Para então decidir qual das duas
sairia de casa.